As idades do espaço ( 2 )O espaço maj-estático dos romanos Panteon de Roma, 27 a.C.
A pluralidade do programa romano no que respeita à construção – opondo-se nitidamente ao tema único da arquitectura grega – e a sua escala monumental; A nova técnica construtiva dos arcos e abóbadas, que reduz colunas e arquitraves a motivos decorativos; O sentido dos grandes volumes nos reservatórios, nos túmulos, nos aquedutos, nos arcos, nas poderosas concepções espaciais das basílicas e das termas; Uma consciência altamente cenográfica, fecundamente inventiva; A maturidade dos temas sociais, como o palácio e a casa; Todas estas contribuições, que estabelecem uma verdadeira enciclopédia morfológica da arquitectura, estão ausentes da arquitectura grega, afloram parcialmente no Helenismo, e constituem a glória incontestável de Roma. Em Roma, ao lado da capacidade técnica, que se tornou mais rigorosa devido à escala monumental da arquitectura imperial, surge o tema social da basílica, onde os homens vivem segundo uma filosofia e uma cultura que rompe com a contemplação abstracta, o equilíbrio perfeito do ideal grego;
O espaço interior apresenta-se de forma majestosa; se os romanos não tinham a sensibilidade requintada dos escultores-arquitectos gregos, tinham em compensação o génio dos construtores-arquitectos, que é no fundo o génio da Arquitectura. Devemos repudiar a posição de alguns tratadistas para os quais a arquitectura romana é filha ou escrava da grega.
O carácter fundamental do espaço romano é ser pensado estáticamente. Impera a simetria nos ambientes circulares e rectangulares, a autonomia absoluta quanto aos ambientes contíguos, sublinhada por espessos muros que separam; Trata-se de uma grandiosidade de axialidade dupla, de escala inumana e monumental, que se basta a si mesma e é independente do observador.
Fundamentalmente a arquitectura romana exprime uma afirmação de autoridade, é o símbolo que domina a multidão dos cidadãos e anuncia que o Império existe, é potência e razão de toda a vida. A escala da arquitectura romana é a escala desse mito, não é e não quer ser a escala do homem.
( baseado em Bruno Zevi, “Sapere vedere l’architettura”, 1948)
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