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quinta-feira, maio 12, 2005
  As idades do espaço ( 2 )
O espaço maj-estático dos romanos

Panteon de Roma, 27 a.C.

A pluralidade do programa romano no que respeita à construção – opondo-se nitidamente ao tema único da arquitectura grega – e a sua escala monumental;
A nova técnica construtiva dos arcos e abóbadas, que reduz colunas e arquitraves a motivos decorativos;
O sentido dos grandes volumes nos reservatórios, nos túmulos, nos aquedutos, nos arcos, nas poderosas concepções espaciais das basílicas e das termas;
Uma consciência altamente cenográfica, fecundamente inventiva;
A maturidade dos temas sociais, como o palácio e a casa;
Todas estas contribuições, que estabelecem uma verdadeira enciclopédia morfológica da arquitectura, estão ausentes da arquitectura grega, afloram parcialmente no Helenismo, e constituem a glória incontestável de Roma.


Em Roma, ao lado da capacidade técnica, que se tornou mais rigorosa devido à escala monumental da arquitectura imperial, surge o tema social da basílica, onde os homens vivem segundo uma filosofia e uma cultura que rompe com a contemplação abstracta, o equilíbrio perfeito do ideal grego;


O espaço interior apresenta-se de forma majestosa; se os romanos não tinham a sensibilidade requintada dos escultores-arquitectos gregos, tinham em compensação o génio dos construtores-arquitectos, que é no fundo o génio da Arquitectura.
Devemos repudiar a posição de alguns tratadistas para os quais a arquitectura romana é filha ou escrava da grega.


O carácter fundamental do espaço romano é ser pensado estáticamente.
Impera a simetria nos ambientes circulares e rectangulares, a autonomia absoluta quanto aos ambientes contíguos, sublinhada por espessos muros que separam;
Trata-se de uma grandiosidade de axialidade dupla, de escala inumana e monumental, que se basta a si mesma e é independente do observador.



Fundamentalmente a arquitectura romana exprime uma afirmação de autoridade, é o símbolo que domina a multidão dos cidadãos e anuncia que o Império existe, é potência e razão de toda a vida.
A escala da arquitectura romana é a escala desse mito, não é e não quer ser a escala do homem.


( baseado em Bruno Zevi, “Sapere vedere l’architettura”, 1948)
 




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